O que se vê hoje em dia é uma freqüente crítica aos modelos escolares, em referência à sua ineficiência, incompetência e fracasso. Assim, nos mostram os testes: Prova Brasil, Prova São Paulo, PISA, etc..."Nossos alunos não ler, escrever e contar!"
Mas...por que não sabem?
Centrando o foco no currículo escolar, para além das condições de trabalho dos professores (envolvendo remuneração, formação, número de alunos) e das singularidades de cada aluno, vemos que é posta uma infinidade de conteúdos a serem transmitidos e na observância da não "recepção" pelo aluno, desenvolvem-se tais provas que vão testar seus conhecimentos com o objetivo de fazê-los aprender. Ahn?!
Na verdade, talvez pretendam vigiar o professor que sob o olhar rigoroso das avaliações externas desdobra-se em inculcar nos alunos aquilo que lhes é cobrado.

E onde fica a tão reclamada realidade do aluno que deve fazer parte do cotidiano escolar?
Quanto mais se apregoa que deve-se partir do que o aluno sabe, mais aumenta a distância entre a sua vida cotidiana e sua vida escolar. E mesmo que esta vida escolar não tenha o menor sentido para ele, ele deve continuar a vivê-la. Está preso àquilo que deveria libertá-lo.
Para não cair num criticismo raso vale ressaltar algumas tentativas de inverter a lógica escolar.
Interdisciplinaridade
Caracteriza-se por um ensino comum a duas ou mais disciplinas ou campos do conhecimento, ou seja, prevê a troca e a cooperação entre os profissionais ou áreas envolvidas.
Há um avanço já que propõe uma interação e um compartilhamento entre as áreas de conhecimento tratadas na escola, o que pode trazer um significado maior ao todo do currículo. Entretanto, pode manter (e, geralmente mantém) afastada da escola a realidade do aluno, ou aquilo que lhe é significativo de fato.
Multidisciplinaridade
Baseia-se nos moldes do item anterior, com a diferença de que conta com o aporte de vários especialistas de diferentes áreas. Permanece a mesma crítica.
Transdisciplinaridade
Põe em jogo temáticas que ultrapassam a própria articulação entre as disciplinas e perpassam os diferentes campos do conhecimento e estão atreladas à melhoria da sociedade e da humanidade, abarcando temas e conflitos da vida cotidiana.
Parece ser uma idéia bastante interessante, cabe perceber que pode se apoiar em dois eixos: o das disciplinas e o dos temas transversais em si. No caso de aderir ao primeiro, continuará sem significado real para aquele que está na situação de aprendiz.
Seja qual for a opção feita, é preciso pensar no tipo de conhecimento que se pretende construir. O primeiro passo é colocar os estudantes como protagonistas neste processo e para trazer sentido àquilo que se aprende é importante envolver a comunidade tomando-a como espaço de aprendizagem, a partir da ampliação de espaços educativos, incorporando os recursos da cidade e do entorno.
Em se considerando o potencial da Educação para a mudança social, por que abdicar dele?Por que não levá-lo a cabo e buscar a partir dele a sociedade que reivindicamos?
O trabalho da transversalidade e a estratégia de projetos é uma opção.
A partir daquilo que surge no cotidiano dos alunos, que lhes interessa, lhes motiva e surge de suas dúvidas, pode-se unir a instrução de conteúdos previstos e a formação para a cidadania.
E o professor?
A postura docente deve ser aquela de quem também vai aprender enquanto ensina, ou vai construir juntamente com os alunos determinado conhecimento.
E como é difícil sair do lugar de detentor do saber para se sujeitar aos riscos de quem ainda constrói. Isso parece ameaçar a autoridade do professor, atinge talvez o ego. Mas nós devemos ser a mudança que queremos no mundo e, para isso, o primeiro passo é refletir sobre que mundo queremos e de que forma a nossa atuação enquanto docentes pode contribuir para isso.
Para entender melhor...
Estratég
ia de projetosARAÚJO, U. F. (2003).
Temas Transversais e a estratégia
de projetos. São Paulo: Moderna.
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