
Como nos apropriamos das regras? De que maneira elas são construídas?
Em seus estudos Piaget não encontrou uma universalidade de desenvolvimento no que concerne a seu aspecto moral. O que se coloca é que existe um percurso que se dá a partir da descoberta do Outro/diminuição do egocentrismo, até que as regras sejam internalizadas e respeitadas de maneira autônoma.
Primeiro nos encontramos num estado de anomia, ou ausência de regras. Em seguida, por meio de relações de coação e respeito unilateral, as regras são construídas/transmitidas. E, assim passa-se a um estado de heteronomia, em que existem regras mas elas são externas ao indivíduo. O que ainda não se tem certo é o modo como se dá a passagem deste último para o próximo estado, a autonomia.
É importante ressaltar a diferença entre obediência e respeito. Esta primeira baseia-se no medo, enquanto que o último, segundo Bovet, decorre do medo mas também do vínculo afetivo, articulados numa relação dialética. E a essência da moralidade está calcada no respeito às regras.
90% das pessoas se mantêm no estado de heteronomia/passividade porque estão acostumadas à coação. Piaget sustenta que para superar este quadro deve-se dar vazão às relações de cooperação baseadas no respeito mútuo e na reciprocidade, proporcionando, assim o descentramento de si.
E o professor?
Volto a afirmar a importância de que o docente reflita sobre seus próprios valores e concepções, pois estes influem diretamente sua prática (democrática, autoritária, anárquica) que, por sua vez
influencia a construção dos valores por aqueles que se vêem neste ambiente.
Outro ponto importante é considerar que os valores, ainda que universalmente desejáveis, são fruto da cultura em que nós vivemos e, para outras culturas, com visões de mundo distintas podem não ser válidos ou aceitáveis.
Trazendo um exemplo de trabalho baseado na democracia, sugiro este vídeo sobre assembléias escolares.
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=51294
Para entender melhor...
ARAUJO, U. F. & AQUINO, J. G.
Os Direitos Humanos em sala de aula:
a ética como tema transversal. São Paulo:
Moderna, 2001.

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