quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Planejando uma aula transversal - um primeiro esboço

Depois de ter entendido um pouco melhor a transversalidade, é hora de tentar colocá-la em prática!Como várias cabeças pensam melhor que uma só, isto foi feito em grupo. Surgiram muitas idéias, temas e, também vários conflitos.
Mas antes mesmo de começar, é preciso se fazer uma questão!

O que é importante em uma aula transversal?
1º ponto: articulação cotidiano-ciência
É importante, em primeiro lugar que favoreça ou promova a integração entre aquilo que se vive fora da escola e aquilo que deverá ser aprendido nela. Com um adendo essencial, não basta trazer um tema que perpasse a vida do aluno, é necessário que este tema seja realmente relevante pra ele. Portanto, é imprescindível que se conheça o sujeito do aprendizagem e que ele seja ouvido, para, a partir de uma situação real trabalhar o conteúdo previsto.

2º ponto: conteúdo como meio e não como fim
Como já foi ressaltado anteriormente, a disciplina ou o conteúdo a ser trabalhado deve ser um meio de promoção de uma formação integral e não um fim em si mesmo. Ou seja, o tema transversal não justifica a aquisição de um conhecimento, senão que determinados conhecimentos favorecem a compreensão de situações vivenciadas, promovendo o desenvolvimento ético e moral.

3º ponto: todos são (devem ser) protagonistas
Retomando a base epistemológica da transversalidade, vemos que é de caráter construtivista. Assim, cada sujeito constrói (é capaz de construir) seu próprio conhecimento, sendo auxiliado pelo professor, que desperta nele esta capacidade. Tem-se então que o professor não ocupa o lugar de detentor do saber e deve envolver a todos no processo de aprendizagem que levará a cabo.
Postos esses pontos que considero essenciais, vale retomar o aspecto prático do planejamento de uma aula. A partir da observação e da escuta, seleciona-se o(s) tema(s) transversal(is) e, em seguida os conteúdos que podem ser trabalhados sob a perspectiva escolhida. Daí decorrem os objetivos que se pretende alcançar e que devem estar bem definidos. O próximo passo é pensar na metodologia, sem prescindir da participação de todos durante o processo.

1º ESBOÇO
Tema transversal: afetividade/sentimentos
Conteúdo: Português (literatura, produção de texto, gêneros textuais) e Arte ( música, artes gráficas)
Objetivos: sensibilização, auto-conhecimento, humanização (respeito pelo sentimento do outro)
Metodologia:
1. Leitura de sensibilização (posterior questionamento do grupo)
2. Sensibilização com música
3. Sensibilização com imagem
4. Leitura de outro gênero textual
5. Expressão do grupo com diferetes instrumentos
6. Esquematização dos conteúdos: diferenciação dos gêneros textuais e artísticos
7. Embasamento teórico - autoconhecimento (conclusão)


Para entender melhor...
PUIG, Josep Maria. Ética e valores: métodos
para o ensino transversal. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 1998.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Temas Transversais e a estratégia de projetos

A transversalidade traz em seu bojo o paradigma de reinvenção da escola, propondo uma reflexão sobre o embate quantidade de conteúdo X qualidade de ensino.
O que se vê hoje em dia é uma freqüente crítica aos modelos escolares, em referência à sua ineficiência, incompetência e fracasso. Assim, nos mostram os testes: Prova Brasil, Prova São Paulo, PISA, etc..."Nossos alunos não ler, escrever e contar!"

Mas...por que não sabem?

Centrando o foco no currículo escolar, para além das condições de trabalho dos professores (envolvendo remuneração, formação, número de alunos) e das singularidades de cada aluno, vemos que é posta uma infinidade de conteúdos a serem transmitidos e na observância da não "recepção" pelo aluno, desenvolvem-se tais provas que vão testar seus conhecimentos com o objetivo de fazê-los aprender. Ahn?!
Na verdade, talvez pretendam vigiar o professor que sob o olhar rigoroso das avaliações externas desdobra-se em inculcar nos alunos aquilo que lhes é cobrado.


E onde fica a tão reclamada realidade do aluno que deve fazer parte do cotidiano escolar?
Quanto mais se apregoa que deve-se partir do que o aluno sabe, mais aumenta a distância entre a sua vida cotidiana e sua vida escolar. E mesmo que esta vida escolar não tenha o menor sentido para ele, ele deve continuar a vivê-la. Está preso àquilo que deveria libertá-lo.

Para não cair num criticismo raso vale ressaltar algumas tentativas de inverter a lógica escolar.

Interdisciplinaridade
Caracteriza-se por um ensino comum a duas ou mais disciplinas ou campos do conhecimento, ou seja, prevê a troca e a cooperação entre os profissionais ou áreas envolvidas.
Há um avanço já que propõe uma interação e um compartilhamento entre as áreas de conhecimento tratadas na escola, o que pode trazer um significado maior ao todo do currículo. Entretanto, pode manter (e, geralmente mantém) afastada da escola a realidade do aluno, ou aquilo que lhe é significativo de fato.

Multidisciplinaridade
Baseia-se nos moldes do item anterior, com a diferença de que conta com o aporte de vários especialistas de diferentes áreas. Permanece a mesma crítica.

Transdisciplinaridade
Põe em jogo temáticas que ultrapassam a própria articulação entre as disciplinas e perpassam os diferentes campos do conhecimento e estão atreladas à melhoria da sociedade e da humanidade, abarcando temas e conflitos da vida cotidiana.
Parece ser uma idéia bastante interessante, cabe perceber que pode se apoiar em dois eixos: o das disciplinas e o dos temas transversais em si. No caso de aderir ao primeiro, continuará sem significado real para aquele que está na situação de aprendiz.

Seja qual for a opção feita, é preciso pensar no tipo de conhecimento que se pretende construir. O primeiro passo é colocar os estudantes como protagonistas neste processo e para trazer sentido àquilo que se aprende é importante envolver a comunidade tomando-a como espaço de aprendizagem, a partir da ampliação de espaços educativos, incorporando os recursos da cidade e do entorno.
Em se considerando o potencial da Educação para a mudança social, por que abdicar dele?Por que não levá-lo a cabo e buscar a partir dele a sociedade que reivindicamos?
O trabalho da transversalidade e a estratégia de projetos é uma opção.
A partir daquilo que surge no cotidiano dos alunos, que lhes interessa, lhes motiva e surge de suas dúvidas, pode-se unir a instrução de conteúdos previstos e a formação para a cidadania.

E o professor?
A postura docente deve ser aquela de quem também vai aprender enquanto ensina, ou vai construir juntamente com os alunos determinado conhecimento.
E como é difícil sair do lugar de detentor do saber para se sujeitar aos riscos de quem ainda constrói. Isso parece ameaçar a autoridade do professor, atinge talvez o ego. Mas nós devemos ser a mudança que queremos no mundo e, para isso, o primeiro passo é refletir sobre que mundo queremos e de que forma a nossa atuação enquanto docentes pode contribuir para isso.

Para entender melhor...
Estratégia de projetos
ARAÚJO, U. F. (2003).
Temas Transversais e a estratégia
de projetos. São Paulo: Moderna.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Temas Transversais em Educação: conceitos

A transversalidade se baseia na busca da aproximação entre a vida cotidiana e a ciência - presentificada pelos conteúdos,resignificando o processo de construção do conhecimento e, assim é legitimada pelo construtivismo, este tomado como conceito epistemológico. Pode-se definir os temas transversais como temas do cotidiano inseridos na estrutura curricular.

Transversalidade

A transversalidade se relaciona a temáticas que perpassam os diferentes campos do conhecimento, e estão diretamente ligadas à melhoria da sociedade e da humanidade e, por iss deve abarcar os temas e conflitos vividos pelos sujeitos da aprendizagem. No entanto, deve-se ressaltar que não se trata de um pressuposto metodológico, de "entrecruzamento" entre conhecimentos, senão que se refere a um pressuposto epistemológico de caráter dinâmico e aberto às transformações. Supõe ainda uma educação em valores, atenta à dimensão ética e à construção da consciência moral autônoma.


Ensino transversal


Na origem da sistematização dos conhecimentos em disciplinas escolares, estas se mantiveram como eixo vertebrador do currículo. Dessa forma, para levar a cabo um ensino transversal seriam realizadas atividades pontuais, projetos interdisciplinares sobre os temas e a transversalidade seria trabalhada como currículo oculto. Seria trazida à realidade escolar a vida dos sujeitos nela envolvidos, entretanto as disciplinas continuariam como fins em si mesmas, preconizando a valorização da aquisição de conhecimentos para além da formação ética e moral.

A partir disto, Moreno (1997) propõe um giro na estrutura curricular, adotando as temáticas transversais como seu eixo vertebrador. Nesta proposta os conteúdos deixam de ser finalidade e passam a ser meio, o "fim" da educação é, então a formação para a cidadania. Para tanto é necessário adequar os objetivos e os conteúdos à "realidade educativa" da escola, que se constitui das necessidades discentes determinadas pelo ambiente sociocultural.


E o professor?

Seu papel deve ser o de observar, escutar, ver o aluno em suas necessidades, implicações, conflitos e singularidades, desenvolvendo nele a capacidade de conhecer.
Deve-se aceitar a dúvida e resignificar o conceito de ciência, tomando-a como um modelo explicativo parcial, em lugar da sua concepção de verdade absoluta.
Quem vou formar? Que ideologia está por trás da formação que pretendo levar a cabo?
A manutenção de prioridades culturais é reflexo da manutenção das atitudes que as originaram. Mudanças se refletirão no ensino!

Para entender melhor...
Transversalidade

BUSQUETS, M. D. et al (1997).
Temas Transversais

em Educação. São Paulo: Ática. (p.9 a 60)




Construtivismo
http://www.youtube.com/watch?v=-UwdAACsHbs&feature=related

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Temas Transversais em Educação



EMENTA

"Este curso objetiva estudar o conceito de transversalidade da educação, dentro da concepção de que conteúdos como a ética, a sexualidade, o meio ambiente e os sentimentos devem constituir o eixo vertebrador da estrutura curricular das escolas brasileiras. Esta mudança na orientação da organização escolar passa pela construção de novas formas de se conceber tanto as relações interpessoais quanto as institucionais, e buscam a construção de uma escola inclusiva, pautada nos princípios da justiça e da democracia, e voltada para os interesses cotidianos da maioria da população.
Elaborado de forma interdisciplinar, o curso contará com a participação de diferentes docentes que abordarão os temas propostos e conceitos para construção de uma escola de qualidade. A unidade do curso será obtida no estudo e na aplicação de metodologias de ensino que instrumentam os professores para uma ação pedagógicaque integre os conteúdos escolares tradicionais (ex: matemática, língua, história, geografia e ciências), aos conteúdos mais voltados para o cotidiano das pessoas (ex: a ética, a sexualidade, o meio ambiente, a diversidade, os sentimentos, etc.)"


Ao me inscrever para a disciplina não tinha um conceito formado sobre o que seriam temas transversais. Mas pensei que, em se tratando de uma forma diferente de ensinar, seria válido me aprofundar no assunto.
Na verdade, não se trata apenas de uma prática diferenciada, mas sim de uma concepção de conhecimento, este tomado como construção, que considera o sujeito do aprendizado como protagonista no processo de aquisição do saber. Considerando ainda, a educação como uma ferramenta para a mudança social, promovendo relações mais justas e condições de vida mais dignas para todos.
Como se trata de um curso inserido no âmbito da formação de professores, o que mais ficou evidenciado nas discussões foi a necessidade do professor ocupar seu lugar docente, consciente de seu papel, das concepções e, principalmente valores que orientam sua prática, visando uma formação do sujeito integral, não só cognoscente, mas afetivo, imbuído de valores e inserido numa sociedade.

Deste curso, penso que o mais importante, antes mesmo de conhecer outras concepções, será a possibilidade de reflexão, não só do que já está posto no cenário educacional, mas daquilo que me determina enquanto educadora.


Para entender um pouco mais...
http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1203